Rio +20 – Abertura do Fórum “Cidade Sustentável – Expressão do Século XXI”

ARQUITETURA, EDUCAÇÃO E ÉTICA: CONEXÕES SUSTENTÁVEIS

Abertura do fórum “Cidade Sustentável – Expressão do Século XXI”, da Rio +20,
ocorrido na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio de Janeiro- IAB-RJ

ARQUITETURA, EDUCAÇÃO E ÉTICA: CONEXÕES SUSTENTÁVEIS

Embora o conceito “crescimento sustentável”tenha sido introduzido na Conferência de Estocolmo, em 1972, passou a ser
efetivamente adotado na Rio 92, associado à tríade prosperidade econômica, inclusão social e produção ambiental. É
relevante notar que os termos inserem sempre uma resultante em favor do ser humano e que o simples fato de existirmos
implica em um movimento de impacto ambiental, e da mesma forma perceber que a ocupação das cidades, por se tratar
de uma ação em larga escala e nem sempre bem planejada, deveria nos levar a um “mea culpa” e assumir que a contínua
alteração da natureza implica, na verdade, em uma sustentabilidade admissível.

Ao contrário do que se difunde quanto ao crescimento sustentável, os fatores econômicos ou ambientais não deveriam ser
situados como foco centralizador ou gerador do processo. Se de princípio não tivermos atendida a questão social não
obteremos o elo viável a compreensão básica pretendida entre os segmentos;
O pleno direito à educação, à saúde e à alimentação é condição preliminar e essencial à cultura dos indivíduos,(. Este
pressuposto possibilita a inclusão social e é de fundamental importância à formação dos cidadãos, portanto, decisivo na
variável do processo.

O progressivo crescimento demográfico urbano, experimentado pelo planeta nas últimas décadas, implicou na criação de
espaços habitáveis nem sempre acompanhados de uma habitabilidade mínima adequada, impossibilitados, ora pela
impossibilidade dos indivíduos, ora pela alienação de gestores públicos ou ainda pela negligência de representantes
políticos. Aproximadamente 80 % das edificações no planeta são informais, sendo que uma significativa parcela está
situada em áreas precárias, ou de alto risco.

As cidades são organismos complexos agregados de registros tal qual um palimpsesto, construídas em camadas,
implementadas de culturas de distintas épocas. Uma intervenção normal em sua estrutura poderá contribuir e altera-la,
mas dificilmente a modificará por completo, portanto, é necessário considerar sua história e a cultura de sua gente.
Acertos estão conectados às demandas da polis e os índices de qualidade de vida nestas, diretamente ao atendimento
destas pelos gestores públicos e agentes de mudança, o que inclui a participação atenta dos cidadãos.
Agregado à inclusão social, se faz necessária a atenção aos direitos mínimos à infra estrutura, ao saneamento, à moradia,
ao lazer e ao trabalho, com mobilidade e acessibilidade compatíveis à escala humana, em sintonia com espaços públicos e
privados, das metrópoles às cidades intermédias, das pequenas cidades às vilas e assentamentos.
Itens técnicos e sistemas construtivos devem ser motivo de preocupação na estruturação do espaço das edificações e do
ambiente urbano, entretanto, é importante lembrar que a forma como são desenhados implica diretamente nas suas
potencialidades. O projeto dos edifícios e das cidades deve ser adequado à paisagem em que se insere e estar em sintonia
com o meio natural que a precede. A qualidade de sua interlocução resulta em eficiência urbana.

Apesar das cidades ocuparem apenas 3% da superfície terrestre, elas são responsáveis por 50% dos resíduos globais e
75% dos recursos naturais consumidos do planeta atualmente, pois concentram cerca de 80% da população mundial e
respondem por quase 2/3 do consumo de energia global.
Precede ao ato de construir o de pensar, planejar o espaço habitável, ao qual se faz imprescindível a participação do
arquiteto urbanista. A arquitetura deveria ser tema básico na formação dos cidadãos, pois fundamenta a noção de
território, implanta o sentido de pertencimento e portanto, potencializa o processo de inclusão social.
Edifícios públicos, via de regra, são parâmetros na configuração das cidades. A prática de concursos de arquitetura para
obras públicas, como entendem as entidades dos países filiados à FPAA (Federação Panamericana de Associações de
Arquitetos e recomenda a ONU (Organização da Nações Unidas), pode proporcionar avanços, apresentar ineditismo de
ideias e elevar a qualidade integrada das edificações nas cidades.

Podemos nos organizar em instituições locais, regionais ou internacionais mundo afora, adotarmos avançadas
competências tecnológicas e respeitarmos as mais sutis expressões da inteligência vernacular dos povos, mas ao
pensarmos o espaço construído, o fato comum a todos, em qualquer parte do globo, é que temos que aplicar a harmonia
pelo óbvio, buscarmos a prática ética em todos os níveis, social, econômico e ambiental, sob pena de comprometermos as
futuras gerações e postarmos à enfermidade irreversível o nosso planeta terra.

Arquiteto João Virmond Suplicy Neto –
Vice Presidente Cone Sul Federação Panamericana de Associações de Arquitetos
Em representação ao Presidente da FPAA, Arquiteto Jorge Monti
Rio + 20 – Abertura fórum Cidades Sustentáveis – IAB /RJ ……… Rio de Janeiro 18/06/2012